O azedo da língua
Espinhos do outro lado do telefone.
Sei que existe vida depois do gosto azedo que nos toma.
Sei que esse gosto de palavras sujas
que dá na boca é passageiro.
Lágrimas cor de chumbo, que ardem feito pimenta,
são apenas pingos escuros e doloridos.
Marcantes, porém, passageiros também.
A alegria tingida pela cor dos teus olhos desbota como grama seca sem vida.
A dor é a prima poeta da derrota.
Cabeça quente, nublada com nuvens cor de gelo.
A solidão é daltônica.
Não consegue definir o verde esperança e o vermelho paixão.
Fica tudo tão igual...
Eu entendo.
Grite. Saia porta fora e entre no mundo.
Respire fundo como um naufrago que encontra terra firme após a agonia.
Seja tudo aquilo que teme ser. Experimente.
E descubra o "gosto" da água da vida.
Só assim fará com que sintam o perfume doce do mormaço que sai da tua pele.
Viver não é só lutar para não morrer.
É ter prazer em renascer.
Isaque S. Santos
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