SEJA BEM VINDO,MUITO OBRIGADO PELA SUA VISITA!

AQUI EU DEIXO MINHA MENTE VOAR,IMAGINO E RELEMBRO SITUAÇÕES,ME PERCO ENTRE O REAL E O IMAGINÁRIO.

ESPERO QUE DE ALGUMA FORMA ESSAS MALUQUICES TE AGRADEM.


quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Cartazes da cena Os dias de Penélope (Apresentado no III Maçã - UFSC 2012



Cartaz n°1 da cena Os dias de Penélope





Cartaz n°2 da cena Os dias de Penélope

* Criação: Isaque Santos - Modelo: Aline Helena

Os dias de Penélope



Cena apresentada em 05/10 na III Maçã - Mostra Acadêmica de Artes Cênicas - UFSC
Texto: Isaque Santos
Direção: Isaque Santos e Aline Helena
Atuação: Aline Helena

O som está um pouco prejudicado no inicio,mas em segundos melhora.

Obrigado

domingo, 9 de setembro de 2012

Isaque Santos - Trabalho de videoperformance Curso Bacharel em Artes Cênicas (Professor Rodrigo)

 

Isaque Santos - Trabalho de videoperformance
Curso Bacharel em Artes Cênicas (Professor Rodrigo)

Quanto tempo? Quantos quilômetros? 

De onde vem o tapa que me ofende e a chuva que me salva?

Perdi as contas de quantas vezes chorei com as folhas secas do meu quintal.

E ainda não sei que faço com essa bagunça?

Quantos quilômetros tem que percorrer um homem até encontrar a felicidade?
Eu sei. Eu sei que depende do que é que esse homem considera felicidade.

Mas, e se a felicidade for apenas sentir-se realmente livre e independente?
Quanto tempo?
Quantos quilômetros?

Se alguém souber me responda. Mas seja rápido, por favor. Tenho pouco tempo.

Quantas voltas mais tenho que dar nesse meu mundo particular até estar feliz?

Quantas encarnações em uma única vida eu vou ter que enfrentar até me sentir leve?

O tempo corre. E o meu escapa por entre os dedos das mãos.

A vida passa. Os dias parecem mais curtos de anteontem para cá.

Eu sinto que o tempo é curto demais, preciso esquecer a prudência e voar, entende?

Preciso voar para no ar arejar a cabeça.


Relaxar.

E o tempo perdido?
E o fim da linha?
São fatos concretos. Q’Eu prefiro não pensar

Já passaram 24hs desde minha última fuga para o meu lugar seguro.

Sinto minhas pernas formigarem, as mãos suarem. Um nervoso incontrolável e insuportável.

Não sei se é essa ânsia de fazer tudo de uma só vez.
Não sei se é esse aperto ou essa liberdade que sinto no meu peito quando abandono o firmamento.

No segundo seguinte me debato, agonizo e vomito.

Vomito o desespero do sufocamento de algo vivo, forte, insistente que abrigo e não sei como expressar,
 expulsar,
expelir,
expurgar.
Aliviar o diafragma.

Existe uma inquietude na minha alma que não me deixa esquecer, que não me deixa desistir e me obriga a tentar.

Uma euforia beirando a loucura que grita e sussurra.

- Vai guri! Mas corre porque o tempo é curto. E Não pára!
Nem para chorar nem para descansar.

E eu sigo a ordem. Sigo meu caminho. Sigo minha luta.

Somente eu e minhas overdoses de ousadia.

Uma compulsão absurda que me faz dizer: EU QUERO.

Um desejo de desengasgar, falar tudo que fervilha entre um pensamento e outro.
E, quem sabe,  com sorte fazer isso sem pronunciar nenhuma palavra.

Desejo de gritar,
de chorar,
de amar,
de gozar a sorte e o azar pelas pontas dos dedos enquanto escrevo.

Na minha alma ansiosa, tempestades e furacões diários me obrigam a seguir em frente. Em busca da próxima dose de satisfação e dúvida.

Às vezes, inevitavelmente, sendo obrigado a andar em círculos. Lidando com a rotina e sonhando com a liberdade plena dos meus sentimentos.

Correr, mas correr apenas por diversão.


Isaque Santos

 

sábado, 9 de junho de 2012

Poesia Passageira



Poesia passageira

Quando a luz se fez mais branda
E do silêncio seu álibi
Nada mais fez sentido em mim

De nada adianta querer tudo
Quando a luz se abranda
E a noite se insinua breve e perfumada

Onde estive e quando a porta se fechou?
Por qual dos três pedidos serei punido primeiro?

Corri como louco para tarde chegar primeiro.
Fiz desse carrossel uma emocionante montanha russa
Sinto muito por te querer tão bem e tão breve

Momentos, eclipses, poesia no ônibus.

Isso não tem lógica?

Eu sei.
E quem disse que o que se sente é lógico. 
Isaque Santos

terça-feira, 5 de junho de 2012

O Racha


O Racha
   
   Hoje pela manhã, eu participei de um racha.
   Eu sei que é errado, podem me crucificar, eu faria o mesmo até essa manhã, mas quem aqui nunca topou um desafio, por mais insano que ele pudesse parecer? Foi inevitável, era impossível amarelar. O orgulho masculino é capaz das maiores idiotices, podem acreditar.
    Vou contar como foi que tudo aconteceu. Eram sete horas e estava frio, frio como em todas as manhãs no principio de maio. Voltando para casa depois de mais uma madrugada de trabalho, eu estava exausto. Já não era dono de meus reflexos, meu corpo estava no piloto automático. Programado para sair do trabalho e ir até minha cama com escalas mínimas. Nada me fazia sair dessa programação. Percorria esse trajeto com o cérebro, digamos assim, em stand by, quase "desligado". Pois bem, como eu ia dizendo, voltava para casa e quando saltei no ponto de ônibus foi que tudo começou. Sim, o Racha. Logo atrás de mim desceu um negro de baixa estatura, pequeno. No Rio Grande do Sul a gente chama de Negãozinho. E era um Negãozinho daqueles baixinhos e fortes, com pinta de capoeirista. Ele foi meu desafiante no primeiro racha da minha vida. Naquela manhã fria de maio, eu cansado e com o cérebro preguiçosamente reativando para fazer os últimos 1000 passos até minha cama, acabei entrando na pilha e participando de algo que eu sempre repudiei. E em tais circunstâncias formou-se a carrera. Um racha a pé. De um lado do “grid” estava eu. Com pernas longas e muita preguiça. Com tênis em condições, mas com o peso de uma madrugada cansativa sobre os ombros. Do outro lado estava ele. O Negro baixo com roupa de pedreiro. Como é uma roupa de pedreiro? Ora, eu também não sei, mas a dele tinha cimento ressecado. Só podia ser pedreiro. Nos pés ele calçava umas sandálias Havaianas, não lembro a cor, mas também não é importante. O importante é que nenhum dos dois estava disposto a ficar para trás naquela manhã. Descemos por portas diferentes do ônibus, ele na do meio e eu na do fundo. Ele saiu na frente no precário caminho da vereda por onde os pedestres caminham quando descem do ônibus aqui no meu bairro. Nessa parada não há calçada, e nem pelos próximos vinte ou trinta metros. O que existe é uma trilhazinha entre o capim baixo na beirada da avenida. Ali, nesses vinte ou trinta metros da trilha do capim, houve o primeiro contato, era o destino.
    Eu só queria chegar rápido em casa, eu juro. Mas ele estava no meu caminho e com um passo mais devagar que o meu, ele não tinha pressa. Tenho inveja de quem consegue caminhar despreocupadamente como se não houvesse nada para fazer. Mas às sete horas não existe pessoa caminhando daquele jeito. Eu não aguentei, no primeiro ponto onde o capim dava uma brecha e a trilha ficava um pouco mais larga, ultrapassei pela direita e segui caminhando no meu ritmo acelerado de quem quer a própria cama e seus cobertores. Por, talvez, dez segundos me esqueci do rapaz. Não devem ter sido mais que breves dez segundos. Logo após dobrar na esquina e entrar em uma rua mais tranquila, dei conta de uma presença ao meu lado direito, dei uma olhada de rabo de olho e era ele. O Negãozinho com roupa de pedreiro e pinta de capoeirista! Vinha como uma bala de canhão e me ultrapassou sem tomar conhecimento do meu passo apressado. Não sei por que eu resolvi revidar, acelerei o passo e busquei passar por ele para caminhar na sua frente, protegido do trânsito no acostamento. Mas e quem disse que ele “venderia” fácil a posição? Faltava combinar com o cara! Eu acelerando o passo e ele também. Não era possível tomar-lhe a frente, quando muito abrir uma pequena vantagem que não me dava permissão para tomar posição no acostamento. Só se fosse atrás dele, mas eu não entendo porque essa hipótese não passou pela minha cabeça em nenhum momento. Minha segurança já não era importante, eu queria chegar à frente dele onde quer que ele fosse naquela manhã. Eu continuava acelerando e ele também. Na manhã fria de maio o único som naquela rua era produzido pelos chinelos do Mini Usain Bolt do Norte da Ilha. Já estava ficando cômica a situação. Ele estava fazendo um esforço desgraçado para andar mais rápido que eu. Por outro lado, eu também não estava fazendo pouco esforço. O cara era veloz. A velocidade que caminhávamos, a força que estávamos fazendo, pesavam o clima naquela rua. Eu já estava no limite e faltava mais uma curva e uma pequena reta de uns trezentos passos até a próxima construção e uns quatrocentos até minha casa. Era necessário “dar um gás”, acionar o turbo. Nesse momento comecei a perceber a situação e caiu a ficha de como aquilo era surreal. Eu tentava, mas meu rosto não parava de exibir um sorrisinho teimoso no cantinho da boca e na expressão dos olhos. Se ele visse a minha fisionomia, acho que parava de caminhar e começava a correr achando que estava ao lado de algum louco. Eu não conseguia controlar a vontade de rir da situação em que se encontravam dois homens. Homem nunca cresce, nunca. Para sempre são meninos brigões e competitivos. Me desconcentrei por um momento na hora de dobrar para minha rua e ele me passou e abriu vantagem já na reta final do desafio. Caramba, como ele caminhava rápido. Eu já não tinha muito para dar. Já estava no limite entre uma caminhada rápida e a marcha atlética. E eu não queria rebolar como a galera desse esporte. Só queria chegar primeiro em qualquer lugar e ir dormir como um verdadeiro vitorioso.
    Na minha rua, ele que já tinha a vantagem da distância, ganhou mais um elemento a seu favor, o barro e as poças de água das últimas chuvas de abril. Ele por estar de bermuda e chinelo passava voando por todas, sem se importar se ia molhar ou embarrar os pés. Eu estava de tênis e calça jeans. Era obrigado a desviar, pular, parar, pensar onde pisar, o chão parecia sabão. Eu estava vendo a vitória escapar, vendo-a caminhar saltitante ao lado do Negãozinho foda.
    Eu já estava desistindo, faltava pouco, eu já tinha certeza de que ele entraria na próxima construção. No meu cérebro, que voltava a trabalhar com o giro baixo, duas ideias se revezavam para me conformar. Uma dizia:

    - Pronto acabou, você perdeu para um baixinho ligeiro, mas fez um bom papel. Vai ver ele já foi até atleta ou lateral de algum time varzeano de futebol.

    A outra dizia:

    - Não fica triste, cara. Esse racha foi coisa só da sua cabeça, ele nem se ligou no que estava acontecendo. Vai ver ele só queria chegar rápido ao trabalho. Cara, você não perdeu. Não houve disputa alguma. E essa viajada é porque você está com sono, só isso.

    Confesso que a segunda estava me convencendo, foi então que o DESGRAÇADO virou para me olhar e deu um sorrisinho triunfante. SIM, AQUILO HAVIA SIDO UM RACHA! E ele já estava, com aquele sorrisinho filho da puta, proclamando-se o vitorioso da peleja. Recebi uma dose extra de adrenalina. Eu não me entregaria nem que faltasse um metro para ele. Senti meu sangue ferver, meus músculos sendo reativados em um segundo. Cerrei os dentes e voltei para a disputa. Voltei enlouquecido, como um tanque de guerra. Não havia mais barro ou água que me importassem. Sabão em pó não lava meu orgulho, mas limpa minhas calças e calçados. Como a perfeita Fênix, eu voltei e ele viu em meus olhos a mudança no meu ânimo. Eu li nos olhos dele o pavor que sentia pelo o que eu me transformei naquele instante. Ele voltou a olhar para frente. A vitória, que corria ao lado dele, agora parecia querer esperar pelo vencedor na linha de chegada. Sentiu-se desamparado, suas pernas velozes permaneciam velozes, porém, agora trêmulas. Seus pés começaram a escorregar nas Havaianas úmidas e embarradas. Ele patinou e eu cresci na briga. A distância diminuiu e eu me liberei para sorrir. Caminhava rápido e sorria. Sorria e minha respiração de locomotiva espalhava o vapor de meus pulmões. Ele caminhava, mas agora se via em um filme de terror. Em uma das cenas em que o assassino persegue sua vitima e não importa o quanto essa corra, o bandido sempre alcança. Imagino que dever ter sido bastante assustador me ver às sete horas da manhã caminhando feito um louco em sua direção, pisando em poças d’água, chutando barro e sorrindo.
    Em alguns instantes eu já estava colado nele, foi uma reação espetacular. Nos últimos metros eu encostei ao lado dele. Seguíamos embalados e abri sutil vantagem, mais alguns passos embarrados, e ele entrou na construção.

    EU VENCI!!!

     Venci o racha a pé contra o negro mais rápido de todo o norte da ilha. Antes que ele entrasse na construção, eu dei uma olhada para ele e sorri. Ele retribuiu com um sorriso amarelo de derrotado.

    Caminhei mais alguns passos em velocidade normal e entrei em casa. Todo sujo, fui direto para o banho. Coloquei a roupa de molho e nem me importava com a sujeira em que ela se encontrava. Era a vestimenta de alguém que lutou pela vitória. Um copo de leite e já era hora da tão amada cama e dos não menos desejados cobertores amigos. Colocar a cabeça no travesseiro, relaxar os músculos e não pensar em mais nada. Meu momento off-line, como todos os dias. Só que eu não conseguia dormir, não podia desligar o cérebro. Sim é estranho, mas eu estava ansioso para conceder uma revanche ao meu oponente por ocasião.

    Será que amanhã ele trabalha? Amanhã não vou de jeans.